OLHAR (O) ESTRANGEIRO E A CABANAGEM COMO VINGANÇA DE ÍNDIOS CONTRA OS PORTUGUESES Luís Balkar Sá Peixoto Pinheiro
Neste artigo abordaremos uma vertente interpretativa da Cabanagem surgida logo após a eclosão daquela revolta popular ocorrida na década de 1830 no Grão-Pará e difundida por escritores estrangeiros em livros de memória, registros históricos e relatos de viagens.
Abstraindo o efervescente debate político do período e tangenciando uma efetiva aferição da complexa sociedade colonial e pós-colonial do Grão-Pará, tais estrangeiros tenderam – como fez Daniel Kidder – a pensar a rebelião “como fruto da violência que desde o início da colonização do Pará pelos portugueses se praticou contra o índio desprezado”.
Tal interpretação, em boa medida plasmada no discurso das lideranças rebeldes paraenses, legitimaria, um século depois, os argumentos da volumosa produção historiográfica que passaria, após 1935, a referenciar a Cabanagem, quase que exclusivamente, como movimento nativista. |