No âmbito do Curso de Mestrado em História das Populações, concluído em 1997, na Universidade do Minho, decidimos dirigir a nossa investigação para o estudo da emigração portuguesa para o Brasil, não sob o ponto de vista quantitativo ou de análise macroscópica do fenómeno, mas numa perspectiva de microanálise demográfica que, através do cruzamento de fontes demográficas e fontes de emigração, permitisse a identificação completa do indivíduo
emigrante e do seu contexto familiar e elaborar um quadro sucessivamente enriquecido do fenómeno emigratório e dos seus agentes.

O estudo antropológico de "histórias de casos" permite definir o perfil do emigrante, o seu contexto familiar, os condicionalismos e motivações familiares, constituindo uma abordagem inovadora do fenómeno da emigração legal portuguesa para o Brasil, sobretudo no que diz respeito à emigração familiar e ao reagrupamento familiar.

A análise agregada do fenómeno da emigração não o explica cabalmente. Os estudos que começam a dar frutos e num futuro nos trarão novas luzes sobre o fenómeno em causa passam necessariamente pela microanálise das comunidades, do meio social de partida do emigrante, do grupo familiar e do indivíduo emigrante. Cada comunidade é um microcosmos com uma dinâmica e uma lógica próprias. Cada família, como grupo afectivo, social; económico, tem diferentes respostas comportamentais a idênticas solicitações. As relações entre família e emigração permanecem ainda obscuras. É necessário ponderar o lugar da emigração familiar como uma vertente ainda mal conhecida e só pesquisas de âmbito local nos poderão ajudar.