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IMIGRAÇÃO, INSERÇÃO SOCIAL E URBANIZAÇÃO. UM ESTUDO DE CASO: O HOSPITAL SANTA CRUZ DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE BENEFICÊNCIA D E NITERÓI

Ismênia de Lima Martins
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No que diz respeito à emigração portuguesa para o Brasil, desde o último quartel do século XIX, esboçavam-se medidas restritivas, seja estimulando o retorno com a lei de 1877, seja tentando deslocar o fluxo emigratório para a África, transformando Angola e Moçambique em "novos Brasis". Com tal objetivo impunham-se campanhas de informação oral e escrita, assim como instrução escolar como meio de fixar o indivíduo à pátria e à família, a fim de que os emigrados, por mais que se 'espalhassem', se mantivessem em íntima comunhão com elas.

Apesar das restrições, até 1930, o fluxo migratório para o Brasil manteve-se elevado. Segundo especialistas, até esse período, o processo migratório não 'sofreu' controle efetivo, tendo em conta os interesses bilaterais dos países envolvidos na questão.

As parcelas empobrecidas da população portuguesa, sobretudo do campo, viam na emigração a saída para os seus problemas. Nas aldeias, as conversas sobre o Brasil, alentadas por relatos fantasiosas de "brasileiros" enriquecidos (portugueses retornados), estimulavam os jovens a partirem em busca da fortuna.

Além disso, o governo português tinha na emigração uma válvula de escape para os conflitos de terra e, sobretudo, não podia 'abrir mão' das divisas provenientes do Brasil, fonte importante de arrecadação. Por seu turno, as autoridades brasileiras se interessavam em manter tal fluxo que garantiria mão de obra barata e, ainda que não considerado um superior, o português era europeu, branco, bom trabalhador e disciplinado.

Um aspecto importante a destacar, para os fins desta pesquisa, é que a imigração portuguesa no Brasil assumiu, ao longo do século XX, caráter predominantemente urbano.