Estudos

PORTUGUESES (OS) NOS AUTOS JUDICIÁRIOS: SOCIABILIDADES E TENSÕES

Caué Morgado
Maria de Nazaré Sarges
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A última década do século XIX foi de intensa modificação no cenário econômico, social, político e urbano da cidade de Belém, propiciada pela economia da borracha que se tornara o mais importante produto de exportação da região amazônica.

Nesse contexto, uma leva muita grande de trabalhadores afluíra à região, sobretudo, vindos do nordeste brasileiro fugidos da seca, que matava milhares de indivíduos nos sertões nordestinos. Ao lado desses imigrantes nacionais também chegava um expressivo contingente de estrangeiros, especialmente portugueses.

É observado por historiadores portugueses que, no período da segunda metade do século XIX até a primeira Guerra Mundial, o processo migratório lusitano é caracterizado por uma época de maior liberdade de movimentos, apesar do controle administrativo do governo português. Segundo Costa Leite , as estatísticas portuguesas registraram, de 1855 a 1914, a saída de um pouco mais de 1,3 milhões.

As razões para a vinda dos lusitanos podiam estar relacionadas à crise agrícola como também às exageradas propagandas do governo brasileiro que apresentavam o Brasil como a terra de oportunidades, fazendo com que o imaginário migrantista fosse contaminado pelo mito do enriquecimento fácil. Vinham os emigrantes, muitas vezes, pautados nas relações que tinham do outro lado do Atlântico, fosse por meio de chamadas de parentes ou informações de pessoas de vizinhanças ou amizades.