Estudos

COLYSEU (O): ARENA DE TOUROS E TOUREIROS DO ALÉM- MAR - BELÉM DO PARÁ (1894-1900)

Maria de Nazaré Sarges
Documento PDF O COLYSEU ARENA DE TOUROS E TOUREIROS DO ALÉM- MAR - BELÉM DO PARÁ (1894-1900).pdf

Em 1900, os intelectuais mais ilustres da cidade de Belém do Pará são convidados a escrever para um ''Álbum Comemorativo" intitulado O Pará - 1900, num balanço das diversas áreas do conhecimento, como a geografia, as ciências da natureza, a meteorologia e a climatologia médicas, os estudos sobre mortalidade e natalidade, a higiene, a patologia médica, a etnografia, a história e a imprensa no Pará. O propósito dessa brochura encomendada pelo governador do Pará, dr. José Paes de Carvalho, era comemorar os quatrocentos anos da descoberta do Brasil como também propagandear as benesses da região, e em especial do estado do Pará, num esforço para demonstrar que era possível construir uma "civilização" nos trópicos.

Dentre os articulistas, o barão do Marajó chamava atenção para o clima da região, pois no dizer do ilustre homem "a Amazônia é um mundo novo que se abre ao final do nosso século ... um clima benigno que evita os gastos com a dureza do inverno". Na tentativa de demonstrar que a cidade era segura em termos de salubridade e higiene, o dr. Américo Campos ao escrever sobre a higiene ressaltava as ruas largas, calçadas e ajardinadas que eram varridas diariamente e cujo lixo era recolhido ao forno crematório,um dos símbolos da modernidade.

Desse modo, todos os artigos procuraram construir uma imagem positiva da região - terra em abundância, clima bom, próspera e civilizada - numa tentativa de consolidar a política de imigração tão necessária no momento em que a região vivenciava a escassez da mão-de-obra para trabalhar na lavoura e nos seringais.

Essa política de imigração estrangeira é observada pela historiadora Maria Thereza Petrone. Ao analisar a imigração para São Paulo, a autora aponta que a existência de terras em abundância fazia parte dos guias de imigrantes e de outras publicações para atrair gente para o país. Aliás, essa "miragem" ou "possibilidade", como diz a historiadora, é observada na propaganda relacionada à Amazônia.