Estudos

EMIGRAÇÃO (A) AÇORIANA PARA O BRASIL: RITMOS E DESTINOS

Gilberta Pavão Nunes Rocha
José Damião Rodrigues
Documento PDF A EMIGRAÇÃO AÇORIANA PARA O BRASIL RITMOS E DESTINOS.pdf

Em várias teorias migratórias é destacada a importância das características dos territórios de origem e de destino, facto que respeita a todas as deslocações populacionais, principalmente as de longa distância. Se os aspectos económicos surgem como os factores principais, não devem ser negligenciados outros, que configuram os contextos políticos nacionais e internacionais, principalmente visíveis em certos períodos históricos. É neste quadro conceptual
que nos situamos para aqui abordar a emigração açoriana para o Brasil, sublinhando que, na pluralidade açoriana, a ilha surge como a unidade de análise específica, identitária da evolução desta região arquipelágica.

Região de fronteira, situada em posição charneira no cruzamento de rotas oceânicas, os Açores foram, desde a origem do povoamento, entre 1439 e 1443, uma terra marcada pela circulação das gentes, o que condicionou ao longo dos séculos a evolução e as características demográficas das diversas ilhas. Numa sequência geracional que relacionou a mobilidade da população e a sociedade, o cronista franciscano frei Diogo das Chagas, em meados do século 17, apresentou o que constituiu, no essencial, um vector estruturante da sociedade açoriana desde o início do povoamento até ao final do século 20, ao escrever, a propósito de um dito de tom profético atribuído ao Infante D. Fernando, que "elle como profetizando disse os primeiros pouoadores dessas Ilhas roçarão, e trabalharão, e seus filhos semearão, os netos uenderão, e os mais descendentes fugirão dellas o que assim aconteçeo, conforme o que ate aqui os tempos nos tem mostrados...".