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ENTRE PORTOS, COMÉRCIO, E TROCAS CULTURAIS: OS PORTUGUESES E AS LUTAS SOCIAIS NA AMAZÔNIA - 1808 - 1835

Magda Maria de Oliveira Ricci
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Em 7 de janeiro de 1 835, quando os cabanas tomaram as ruas e a cidade de Belém do Grão-Pará, havia uma palavra de ordem repetida pelos revolucionários: "morte aos portugueses e aos maçons':' A maçonaria merece um estudo à parte, mas este que agora elaboro procura compreender por que os homens cabanas que tomaram a capital da Amazônia portuguesa tinham tanto ódio aos seus colonizadores. Saindo do senso comum, este estudo delineia algumas das
raízes de uniam e que separavam brasileiros e portugueses, enveredando pelos meandros do comércio e da política luso-brasileira entre os anos de 1808 e 1835.

O vasto território do Grão-Pará se desenvolveu, em grande medida, em separado da colônia do Brasil. Boa parte de seus negócios, bem como toda sua vida religiosa, agregava-se diretamente a Portugal. De uma forma geral o antigo Grão- Pará, sempre próximo ao Maranhão, envolvia toda a atual região Norte do Brasil com exceção do estado do Acre, chegando, em alguns momentos, a abranger partes dos atuais estados do Piauí, Ceará, Mato Grosso, Tocantins e Goiás. Em 1 862, por exemplo, o dr. Antonio Henriques Leal, erudito maranhense, recordava que "a adesão mais tardia" do Maranhão e do Pará "à causa da Independência" brasileira derivava de "circunstâncias peculiares" que foram se somando desde o seu descobrimento. Formando com o Pará, por quase todo o tempo colonial, um Estado "que n'ão dependia do resto do Brasil", mesmo quando a Monarquia veio a estabelecer sua sede no Rio de Janeiro em 1808, sempre esteve "mais em contato com Portugal do que com a Corte". Assim, íembrava Henriques Leal, suas "relações de comércio e de amizade, suas recordações e tradições, sua educação" - tudo prendia o Maranhão e o Pará "à antiga metrópole".