Estudos

HISTÓRIA DE VIDA E IMIGRAÇÃO: AS FORMAS DO PASSADO

Andréa Telo da Côrte
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A moldura que enquadra o boom atual dos estudos das migrações relaciona-se em grande parte ao duplo contexto de explosão de conflitos étnicos no Ocidente, e de mundialização da economia capitalista, ocorridos nos últimos trinta anos.

Nesse período, o fenômeno do transnacionalismo e das transmigrações tem propiciado diferentes ângulos para historiadores, antropólogos e sociólogos refletirem sobre as novas migrações, e é sobretudo pelo ângulo do estudo das identidades e das negociações culturais entre grupos étnicos que uma nova historiografia sobre o tema tem sido produzida.

No Brasil, recentemente, fenômeno semelhante tem ocorrido, o que se pode verificar com o crescente aumento do número de dissertações e teses doutorais sobre o tema das migrações e das identidades étnicas, e também, pelo lugar que essa problemática vem ocupando na academia. Vale lembrar o título do último Simpósio Nacional de História, realizado em julho de 2007: "História e Multidisciplinaridade: Territórios e Deslocamentos".

Importa dizer que essas teses, grande parte delas constituídas por estudos de caso, dentro e fora do eixo Rio-São Paulo, têm colocado em xeque as interpretações. tradicionais sobre o fenômeno da "grande emigração" do período 1880-1930, parte delas oriundas da escola paulista de sociologia dos anos 50, e proposto novas explicações que ressaltam as diferenças regionais da emigração no Brasil, e as particularidades dos processos de negociação identitários desses grupos, tomando como base o adensamento da pesquisa em arquivos e a diversificação das fontes de consulta e da metodologia aplicadas. Dessa forma uma nova historiografia sobre migrações vem sendo desenvolvida no Brasil.